Desde o último post que pensei em escrever sobre esse evento histórico. Algo inusitado que seria inimaginável nos dias de hoje. Leonidas da Silva, o "Diamante Negro" da década de trinta, teria feito um gol sem chuteiras na copa do mundo de 1938, realizada na França. Se você conhece as regras do futebol sabe muito bem que isso vai contra a regra 4 que diz respeito ao equipamento dos jogadores.
Por falar nisso, naquela época a nossa seleção, que todos conhecemos hoje como seleção canarinho (em virtude da camisa amarela), jogava com um uniforme diferente. O uniforme número 1 era uma camisa branca, com o escudo da CBD (Confederação Brasileira de Desportos) e calções azuis. Uniforme esse que foi utilizado até a copa do mundo de 1950, realizada aqui no Brasil, e abandonado depois da derrota no Maracanã para Uruguai.
Outra curiosidade interessante sobre o uniforme da seleção, é que o Brasil já jogou com um uniforme verde e amarelo (com faixas, tipo a camisa do Botafogo) em 1916 e em 1919, e também com uma camisa toda vermelha (vermelha?) em 1917. Os calções eram sempre brancos e nessa época as camisas ainda não tinham escudos. A camisa amarela apareceu pela primeira vez nas eliminatórias para a copa do mundo de 1954, depois que o gaúcho Aldyr Garcia Schlee venceu o concurso para escolher a nova camisa da seleção. Veja aqui todos os uniformes usados pela seleção brasileira, desde a primeira partida até hoje.
A camisa voltou a figurar de forma curiosa na história da seleção brasileira na final da copa do mundo de 1958, quando conquistamos o nosso primeiro título mundial. A final era contra a Suécia, que também usava camisas amarelas. O Brasil foi para a copa sem um uniforme reserva. Isso mostra uma grande diferenças com o futebol dos tempos de hoje, onde um jogador tem até dois jogos de um mesmo uniforme por jogo. Sendo assim, os dirigentes, de última hora, compraram um jogo de camisas azuis e costuraram o escudo (que já era CBF) na camisa. Veja foto ao lado.
Costuma-se dizer que essa teria sido a primeira vez que o Brasil utilizou uma camisa azul como unifrome, porém isso não é verdade. Camisa azuis e calções brancos foram utilizados pela seleção brasileira como uniforme principal, entre os anos de 1939 e 1949. Em 1953 e 1957 (quando o Brasil já jogava com a amarelinha) um uniforme com calções e camisas azuis também foi utilizado (esses por sua vez tinha detalhes brancos na gola, manga e lateral do calção). Um outro momento célebre da camisa azul foi justamente na primeira partida da copa de 1938, contra a Polônia que jogava de informe branco, onde o Brasil usou um uniforme todo azul, com camisa de mangas compridas.
A copa do mundo de 1938, realizada na França, quase não aconteceu. Alguns países não participaram (como a Áustria, que foi anexada pela Alemanha de Hitler) por já estarem envolvidos em conflitos que antecederam a 2ª guerra mundial. Outro problema envolvia uma revolta dos países sul-americanos que queriam a realização dessa copa na América, acreditando que deveria haver um rodízio com a Europa (em 1934 a copa foi realizada na Itália e a de 1930 no Uruguai). Por isso, Uruguai e Argentina desistiram de ir a essa copa.
Classificada sem problemas, a seleção do Brasil seguiu para a França e teve o jogo de estreia, que já era oitavas de final, contra a Polônia. Um outro adversário em campo era a forte chuva que castigava o gramado do Stade de la Meinau, em Estrasburgo. Aos 18 minutos do pimeiro tempo Leônidas da Silva (ainda com as suas chuteiras intactas) abriu o placar. Scherfke, de pênalti, empatou para a Polônia aos 23 minutos. Dois minutos depois, sem dar tempo para os polonesês comemorarem Romeu, o nosso gorducho da época, colocou o Brasil na frente novamente, 2 a 1. No finalzinho do primeiro tempo o atacante Perácio marcou o terceiro para o Brasil. No segundo tempo, logo no início, aos 8 e 14 minutos o a estrela do time polonês, Wilimowski, empatou a partida. O Brasil passaria a frente logo depois aos 26 minutos com um outro gol do atacante do Perácio, deixando a partida em 4 a 3. Não perca as contas. Porém, no minuto final da partida, Wilimowski empatou o jogo e levou a partida para a prorrogação. Aí, foi um duelo das estrelas dos dois times. O "Diamante Negro" contra Wilimowski. Leônidas marcou logo dois gols, aos 3 e 14 minutos da prorrogação e Wilimowski marcou aos 28 minutos. No fim, 6 para o Brasil e 5 para a Polônia.
E cadê o gol sem chuteira? Então. No seu segundo gol, aos 3 minutos da prorrogação, um rebote do goleiro polonês depois de uma falta cobrada por Hércules, Leônidas da Silva "encheu o pé" e marcou o quinto gol do Brasil. Na ocasião, o juiz da partida (o sueco Eklind), percebeu que o "Diamente Negro" estava sem chuteiras e pediu para que ele as recolocasse. Segundo o próprio Leônidas da Silva, a sua chuteira direita arrebentou e enquanto o costureiro consertava ele continuou em campo e teve a felicidade de fazer o gol. Devido ao lamaçal que se formou no campo, por causa da forte chuva, o árbitro não teria percebido a falta do equipamento, que como você já sabe, fere a regra 4 do livro de regras do futebol.
Há quem diga que na verdade, Leônidas estava era incomodado com a chuteira e as teria tirado para jogar melhor. Seja o que for que realmente tenha acontecido naquele 5 de junho de 1938, o importante é que o Brasil se clasifificou para as quartas de finais e teve a sua melhor participação em uma copa do mundo até ali, ficando em terceiro lugar, perdendo apenas para a Itália, que se tornaria a campeã daquele mundial.
Leõnidas da Silva morreu a pouco tempo, em janeiro de 2004. Guarda ainda na sua bagagem histórica o mérito pela invenção da "bicicleta" no futebol. Na copa de 1938 foi o artilheiro da competição, com 7 gols, e eleito o melhor jogador daquele mundial. Fez 319 gols na carreira, sendo 37 em 37 jogos pela Seleção.
Por falar nisso, naquela época a nossa seleção, que todos conhecemos hoje como seleção canarinho (em virtude da camisa amarela), jogava com um uniforme diferente. O uniforme número 1 era uma camisa branca, com o escudo da CBD (Confederação Brasileira de Desportos) e calções azuis. Uniforme esse que foi utilizado até a copa do mundo de 1950, realizada aqui no Brasil, e abandonado depois da derrota no Maracanã para Uruguai.
Outra curiosidade interessante sobre o uniforme da seleção, é que o Brasil já jogou com um uniforme verde e amarelo (com faixas, tipo a camisa do Botafogo) em 1916 e em 1919, e também com uma camisa toda vermelha (vermelha?) em 1917. Os calções eram sempre brancos e nessa época as camisas ainda não tinham escudos. A camisa amarela apareceu pela primeira vez nas eliminatórias para a copa do mundo de 1954, depois que o gaúcho Aldyr Garcia Schlee venceu o concurso para escolher a nova camisa da seleção. Veja aqui todos os uniformes usados pela seleção brasileira, desde a primeira partida até hoje.
A camisa voltou a figurar de forma curiosa na história da seleção brasileira na final da copa do mundo de 1958, quando conquistamos o nosso primeiro título mundial. A final era contra a Suécia, que também usava camisas amarelas. O Brasil foi para a copa sem um uniforme reserva. Isso mostra uma grande diferenças com o futebol dos tempos de hoje, onde um jogador tem até dois jogos de um mesmo uniforme por jogo. Sendo assim, os dirigentes, de última hora, compraram um jogo de camisas azuis e costuraram o escudo (que já era CBF) na camisa. Veja foto ao lado.
Costuma-se dizer que essa teria sido a primeira vez que o Brasil utilizou uma camisa azul como unifrome, porém isso não é verdade. Camisa azuis e calções brancos foram utilizados pela seleção brasileira como uniforme principal, entre os anos de 1939 e 1949. Em 1953 e 1957 (quando o Brasil já jogava com a amarelinha) um uniforme com calções e camisas azuis também foi utilizado (esses por sua vez tinha detalhes brancos na gola, manga e lateral do calção). Um outro momento célebre da camisa azul foi justamente na primeira partida da copa de 1938, contra a Polônia que jogava de informe branco, onde o Brasil usou um uniforme todo azul, com camisa de mangas compridas.
A copa do mundo de 1938, realizada na França, quase não aconteceu. Alguns países não participaram (como a Áustria, que foi anexada pela Alemanha de Hitler) por já estarem envolvidos em conflitos que antecederam a 2ª guerra mundial. Outro problema envolvia uma revolta dos países sul-americanos que queriam a realização dessa copa na América, acreditando que deveria haver um rodízio com a Europa (em 1934 a copa foi realizada na Itália e a de 1930 no Uruguai). Por isso, Uruguai e Argentina desistiram de ir a essa copa.
Classificada sem problemas, a seleção do Brasil seguiu para a França e teve o jogo de estreia, que já era oitavas de final, contra a Polônia. Um outro adversário em campo era a forte chuva que castigava o gramado do Stade de la Meinau, em Estrasburgo. Aos 18 minutos do pimeiro tempo Leônidas da Silva (ainda com as suas chuteiras intactas) abriu o placar. Scherfke, de pênalti, empatou para a Polônia aos 23 minutos. Dois minutos depois, sem dar tempo para os polonesês comemorarem Romeu, o nosso gorducho da época, colocou o Brasil na frente novamente, 2 a 1. No finalzinho do primeiro tempo o atacante Perácio marcou o terceiro para o Brasil. No segundo tempo, logo no início, aos 8 e 14 minutos o a estrela do time polonês, Wilimowski, empatou a partida. O Brasil passaria a frente logo depois aos 26 minutos com um outro gol do atacante do Perácio, deixando a partida em 4 a 3. Não perca as contas. Porém, no minuto final da partida, Wilimowski empatou o jogo e levou a partida para a prorrogação. Aí, foi um duelo das estrelas dos dois times. O "Diamante Negro" contra Wilimowski. Leônidas marcou logo dois gols, aos 3 e 14 minutos da prorrogação e Wilimowski marcou aos 28 minutos. No fim, 6 para o Brasil e 5 para a Polônia.
E cadê o gol sem chuteira? Então. No seu segundo gol, aos 3 minutos da prorrogação, um rebote do goleiro polonês depois de uma falta cobrada por Hércules, Leônidas da Silva "encheu o pé" e marcou o quinto gol do Brasil. Na ocasião, o juiz da partida (o sueco Eklind), percebeu que o "Diamente Negro" estava sem chuteiras e pediu para que ele as recolocasse. Segundo o próprio Leônidas da Silva, a sua chuteira direita arrebentou e enquanto o costureiro consertava ele continuou em campo e teve a felicidade de fazer o gol. Devido ao lamaçal que se formou no campo, por causa da forte chuva, o árbitro não teria percebido a falta do equipamento, que como você já sabe, fere a regra 4 do livro de regras do futebol.
Há quem diga que na verdade, Leônidas estava era incomodado com a chuteira e as teria tirado para jogar melhor. Seja o que for que realmente tenha acontecido naquele 5 de junho de 1938, o importante é que o Brasil se clasifificou para as quartas de finais e teve a sua melhor participação em uma copa do mundo até ali, ficando em terceiro lugar, perdendo apenas para a Itália, que se tornaria a campeã daquele mundial.
Leõnidas da Silva morreu a pouco tempo, em janeiro de 2004. Guarda ainda na sua bagagem histórica o mérito pela invenção da "bicicleta" no futebol. Na copa de 1938 foi o artilheiro da competição, com 7 gols, e eleito o melhor jogador daquele mundial. Fez 319 gols na carreira, sendo 37 em 37 jogos pela Seleção.
Curiosidade super interessante: O apelido "Diamente Negro" foi dado pelo jornalista francês Raymond Thourmagem. Nome esse, que anos mais tarde, seria usado pela Lacta para um chocolate que é vendido até hoje. Você conhece, não é? =D
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