E continua a polêmica em torno da Jabulaaaaaaaaaaaaaaaaani.
Para os narradores e alguns comentaristas da Rede Globo, não existe mais goleiro ruim. Os tradicionais "frangos" acabaram. Agora, qualquer falha é fruto das mudança repentinas na trajetória da bola.
Que existe diferença entre a famigerada bola da Adidas e as usadas nos torneios regionais não há dúvidas. Essas diferenças, inclusive, foram explicadas aqui através das postagens sobre a Crise do Arrasto e do Efeito Magnus. O principal aspecto é o fato de a Jabulani ser mais esférica do que as bolas de gomos. Além disso, o material com que a bola é confeccionado é diferente, e você viu nas postagens anteriores que as características físicas da bola são importantíssimas na descrição desses efeitos aerodinâmicos.
Eis que então, o que acabaria com toda essa fantasia se mostrava evidente quando Tiago Leifert, no programa Central da Copa, anunciou que eles levaram a Jabulani para o túnel de vento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas da Universidade de São Paulo (IPT). Pensei: ponto para a Globo, vão ouvir especialistas e acabar com todo esse exagero que eles criaram em torno da bola "sobrenatural" (culpa do Luiz Fabiano que quis fazer Stand Up na coletiva de imprensa). Ingênuo eu fui... Antes de mais nada, vejamos o vídeo (é rapidinho):
Pelo visto, eles levaram muito a sério a expressão "Crise da bola" que, inclusive, foi o título da primeira postagem do blog sobre esse assunto. Alô galera, a "Crise", neste caso, é só uma metáfora usada para descrever um dos fenômenos físicos que explicam a trajetória de uma bola de futebol: a Crise do Arrasto.
Esta tal "crise", que deve ter sido explicada pelos físicos e engenheiros do IFT ao pessoal da reportagem, não quer dizer que a bola resolve, de uma hora para outra, mudar a sua trajetória e ficar vibrando como eles mostraram na animação. Como foi explicado aqui no blog na postagem sobre esse efeito, a Crise do Arrasto acontece quando a bola atinge uma certa velocidade limite. Nesse momento, o coeficiente de arrasto diminui rapidamente, causando uma mudança abrupta no movimento da bola. Mas isso faz com que a bola aumente a sua velocidade e não fique vibrando.
Essas tais vibrações podem até ocorrer, mas é por causa das tais ranhuras devido as costuras das bolas que a Jabulani não tem. Isso faz com que a bola não deixe o ar passar por ela, e ao invés disso empurre-o. Além disso, o ar que envolve a bola não é completamente homogêneo. Assim, a bola desvia buscando as regiões de menor pressão atmosférica.
Já a curva que a bola faz em voo, que os narradores gostam tanto de falar (e o Galvão acha que a Física não permite), é explicada pelo efeito Magnus. Esse efeito é decorrente da rotação da bola. Esse tipo de análise não parece ter sido realizada no IFT, pois como mostra o vídeo a bola fica fixa, sem rotação.
Portanto, não adianta tentar inventar. As diferenças existem, mas fisicamente, essa bola é muito mais parecida com as bolas tradicionais do que a bola da copa da Alemanha, a Teamgeist. Naquele mundial, os jogadores também reclamaram da bola (veja só, aqui e aqui).
Antes de colocar a matéria, quando perguntado sobre o tema por Lacombi, Paulo Autuori confirmou que sempre que mudam a bola as reclamações surgem. Desta vez, em especial, criaram toda essa palhaçada. Possivelmente é para tentar justificar o baixo entusiasmo que essa copa está gerando na população, devido a baixa média de gols e as medíocres atuações da maioria das seleções, inclusive a brasileira.
No momento em que estava escrevendo essa postagem, a mesma matéria sobre a Jabulani, desta vez mais reduzida, era mostrada no Jornal Nacional junto com a declaração da FIFA, que decidiu se pronunciar sobre a questão. Disse que a entidade não é surda, e em meio a todas essas reclamações, vai investigar a bola.
Agora a Jabulani caiu na mira da FIFA, que também não perderá uma oportunidade de culpar alguém, se preciso for. Dependerá se os prejuízos causados pelos "espetáculos" de baixa qualidade técnica, exibidos em estádios de gramados que não aguentam nem 2 jogos por semana, será maior ou menor do que a grana que a Adidas paga pela exclusividade na produção das bolas das copas. Se assim for, na próxima copa, aqui no Brasil, poderemos ter uma bola da nike, da penalty, ou até quem sabe da Rainha (por quê não?).
Mas não adiantará, pois não faltarão oportunidades para criticar a nova bola, seja por questão políticas, sensacionalismo jornalístico, ou mesmo desculpas esfarrapadas de jogador perna-de-pau.
Comentários
Postar um comentário